Publicado por Redação em Gestão do RH - 28/10/2020

Como a técnica de storytelling pode ajudar a superar a síndrome do impostor



À medida que crescemos como líderes, as pessoas começam a esperar opiniões inteligentes sobre assuntos dos quais sabemos pouco. E, muitas vezes, ao lidar com especialistas, temos que fazer perguntas pertinentes. Isso pode dar a sensação de que precisamos ter um Ph.D. de plantão antes de nos atrevermos a emitir um ponto de vista ou fazer uma indagação.

O fato de nos sentimos desinformados traz à tona a síndrome do impostor, e nossa tendência natural é divagar ou hesitar. Mas existe um jeito de evitar essa saia justa? A resposta passa pelo storytelling.

Na verdade, eu me encontrei numa situação parecida recentemente. Eu estava prestes a entrevistar Todd Schurz, da Schurz Communications, um grupo de mídia e provedor de serviços de armazenamento em nuvem localizado em Indiana, nos Estados Unidos, para meu podcast, produzido em conjunto com o Kellogg Center, sobre negócios de família, chamado “Family IN Business”.

Eu já conhecia a história de Todd. Ele trabalhava com a Kellogg com frequência, e sua história é difícil de esquecer. Sua família fundou o “South Bend Tribune”, um jornal diário e site de notícias com sede em South Bend, Indiana, em 1872. Por gerações eles expandiram seus negócios e abraçaram cada novo tipo de tecnologia de mídia. Mas, como o novo líder da quinta geração, Todd viu como é difícil para as empresas de mídia se manterem vivas, Então ele e sua família decidiram sair da mídia tradicional.

O mais importante é que eles decidiram que, qualquer que fosse a direção tomada, permaneceriam unidos como uma família. No fim, optaram por ingressar no segmento de armazenamento em nuvem, um campo completamente novo para o clã.

Essa era a história na minha cabeça quando decidi entrevistar Todd. Então, enviei minhas perguntas. De volta, recebi um texto completo que descreve a história e a trajetória da empresa. Foi então que percebi o quão complexa era, realmente, a história. Eu não sabia o que boa parte das palavras significavam, e o texto foi ficando cada vez mais e mais técnico. A entrevista estava se aproximando e eu não tinha mais muito tempo para pesquisar a indústria de mídia como gostaria.

Comecei a me questionar como eu poderia fazer perguntas inteligentes para tornar claras as complexidades de sua história para os ouvintes. E como eu poderia moldar e narrar o episódio do podcast de forma eficaz se não entendia os detalhes técnicos? Eu deveria servir como um um guia para os ouvintes, mas me sentia como um estranho em um terreno desconhecido.

O que eu fiz? Segui uma estrutura de storytelling.

E é isso que virá em seu socorro toda vez que você estiver em uma situação difícil: é preciso se controlar e oferecer uma opinião geral e cuidadosa e não especializada. Veja a seguir, 3 dicas para criar um storytelling:

1. Encontre um gancho e um bom final

Logo que comecei, reconheci um gancho no que Todd disse: Como você deixa a indústria que seus ancestrais construíram? É um sacrilégio para você?

Depois desse gancho, descobri como encerrar a história. Um final deve ser satisfatório e edificante, e assim que Todd me contou sua história sobre as “vozes na colina”, eu já sabia como terminar essa narrativa.

A história é a seguinte: um consultor que trabalhava com a família Schurz contou a eles sobre uma empresa familiar que realizava reuniões familiares em um cemitério localizado em uma colina, onde vários de seus ancestrais haviam sido enterrados.

“Então”, disse Todd, “quando eles tinham discussões que afetavam os negócios e a família, eles falavam sobre as vozes na colina e sobre os ancestrais”. O consultor fez a seguinte pergunta à família Schurz: “Quando você toma decisões, em quem você mais pensa, nas vozes do morro ou na próxima geração?”

E, nos momentos finais do podcast, Todd revelou como cada um de seus familiares respondeu a essa pergunta. Foi um final memorável e satisfatório.

2. Estruture o meio

A partir daí, estruturar a entrevista foi uma questão de descobrir como guiar os ouvintes pelo meio da história, amarrando o início e o fim de uma forma reflexiva.

Veja uma maneira fácil de estruturar o meio de uma história complexa, a partir de uma fórmula que um colega de trabalho, Matt Philip, uma vez compartilhou comigo. É incrivelmente simples, mas poucos no mundo dos negócios seguem essa estrutura.

Tenha um número de tópicos em mente – nunca mais do que dez. Em seguida, siga os passos:

1. Declare o primeiro tópico, certificando-se de usar a palavra “primeiro”;
2. Declare o segundo tópico;
3. Declare o terceiro tópico;
4. Faça um tópico que resuma os pontos anteriores conforme você avança.

Por exemplo: eu antecipei o meio da história de Todd com uma pergunta: “Quais foram as principais mudanças que levaram a Schurz Communications a esta nova trajetória?”. A resposta: “Foram quatro”. Em seguida, orientei os ouvintes por meio dessas quatro mudanças:

1. Mudança do perfil dos proprietários da família que trabalhavam para a empresa em relação aos que não trabalhavam para a empresa;
2. O conselho da Schurz Communications passou a ter membros externos independentes;
3. A Grande Recessão;
4. A consolidação agressiva da indústria.

3. Atenha-se ao tema

Lembre-se de destacar a mudança de tópico no meio da entrevista para destacar o andamento e o tema da história.

No final das contas, eu queria manter a ideia de que a Schurz Communications não estava fazendo a mesma coisa que a definiu como uma empresa familiar por mais de um século, pois eles estavam enfrentando uma questão existencial. Manter esse tema me permitiu entender toda a história. A trajetória de Todd foi decisiva para a sua família.

O importante é descobrir a essência da história. Isso se torna a espinha dorsal da narrativa, o eixo Y do seu gráfico.


Fonte: Forbes Brasil


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