Publicado por Redação em Notícias Gerais - 25/11/2011
Classe média paga R$ 100 bilhões em juros ao ano, diz ministro
Um estudo apresentado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) nesta semana, durante o 3º Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, revela que a nova classe média - responsável por R$ 1,1 trilhão do movimento do mercado interno - "está pagando de juros R$ 100 bilhões ao ano e a percepção que tem, declarada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é que está pagando R$ 3 bilhões", disse o ministro da SAE, Moreira Franco.
Franco afirma querer transparência no total de juros pagos pelos consumidores em compras a prazo. A preocupação é com o maior estrato social do Brasil e principal público consumidor, a nova classe média. Formada por 95 milhões de pessoas, esse grupo conta com 31 milhões de consumidores emergentes apenas da década passada.
"Por falta de transparência na apresentação dessas informações, de quanto efetivamente de juros está pagando, ela (a classe média) está achando que está fazendo uma compra excepcionalmente boa, quando não está. Os juros já estão embutidos no preço", salientou ao defender também que os impostos sejam discriminados à parte. "Eu sou favorável que tenha uma nota fiscal que haja essa discriminação como em outros países."
Segundo dados do Banco Central, os juros pré-fixados a pessoas físicas estão em 47% ao ano, a maior taxa desde maio de 2009. Moreira prevê um esforço do governo federal "no sentido de criar um ambiente propício a que haja mais transparência nas informações. São medidas de políticas dessa natureza que nós vamos ter que começar a cuidar".
Na avaliação do ministro, a manutenção da nova classe média em um padrão de vida estável começa a depender mais de medidas econômicas do que de iniciativas na área social. "Quando eu digo que não está mais no âmbito da política social, mas na política econômica, isso significa que nós vamos ter que encontrar no aparato de instrumentos na área econômica aquelas iniciativas que nos permitirão enfrentar determinados problemas."
De acordo com Moreira Franco, o governo continua preocupado com os estratos mais pobres e prepara uma nova política pública para 11 milhões de crianças na primeira infância (de até três anos e 11 meses).
A política está sendo traçada pela SAE em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Direitos Humanos e, após as discussões técnicas, seguirá para a Casa Civil. Durante o programa, Moreira Franco apenas adiantou que a intenção do governo é que as mães "tenham uma única porta de entrada" para acessar programas sociais.
A SAE também estuda o problema da alta rotatividade da mão de obra no Brasil, relacionada a trabalhadores com rendimento de até dois salários mínimos. Em sua opinião, o fenômeno de desligamento precoce de trabalhadores afeta a produtividade. "Existe uma cultura que precisamos quebrar. Para aumentar a produtividade é preciso que aumente o tempo de emprego", defendeu.
Fonte:http://not.economia.terra.com.br|25.11.11