Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 28/08/2024

Burnout Parental: por que as empresas devem olhar para isso?



O termo Burnout não é mais uma novidade entre os profissionais brasileiros. E não é para menos, afinal, segundo estudo divulgado pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), quase 30% dos trabalhadores sofrem com a síndrome do esgotamento profissional no país.

O que muitos profissionais não sabem, no entanto, é que o Burnout pode ter várias vertentes. Alguns exemplos são o digital, o esportivo, o acadêmico, o parental, que será o foco deste texto, entre outros.

E com o gancho em mãos, vamos entender por que é tão importante falar sobre o ainda desconhecido Burnout Parental e compreender qual é o seu impacto para os profissionais e as empresas brasileiras.

Burnout Parental: o que é?

Em termos gerais, o conceito remete a um tipo de Burnout que ocorre em pais e mães – sendo elas mais propensas ao diagnóstico, uma vez que 39% das mulheres têm jornada dupla de trabalho (trabalha e cuida da casa) ante 24% dos homens, segundo a Vidalink – e cuidadores em decorrência do estresse crônico e prolongado relacionado às responsabilidades e pressões de criar filhos.

Segundo pesquisa inédita da B2Mamy, maior comunidade de mães do país, em parceria com a Kiddle Pass, primeiro aplicativo de atividades interativas para crianças, nove em cada dez mães que trabalham sofrem de esgotamento mental. Além disso, o relatório revela que 54% das entrevistadas já estão diagnosticadas com o Burnout, enquanto 17% apontam suspeitas de doenças emocionais.

“Este cenário é consequência das cargas exaustivas no trabalho das figuras parentais, em especial as maternas, associadas aos cuidados dos filhos e a ausência de rede de apoio especializado por parte das empresas”, explica a CEO da B2Mamy, Dani Junco. “O risco para o mercado de trabalho é claro: sem mulheres saudáveis e aptas a comporem os times, a perspectiva nos próximos 5 a 10 anos é preocupante”, complementa Lygia Imbelloni, Head de Saúde e Bem-estar da B2Mamy.

Sintomas

Assim como o Burnout “tradicional”, o parental é caracterizado por sintomas mentais que podem desenvolver também sintomas físicos. A condição, que pode resultar em um ciclo de frustração e de culpa para os pais e as mães, comumente pode causar:

  • Fadiga persistente: sensação constante de desgaste, estresse e falta de energia para lidar com as demandas parentais;
  • Distanciamento das crianças: sentir-se desconectado(a) dos filhos, com o comum sentimento de querer se distanciar deles;
  • Perda de realização pessoal: Sentimento de que, mesmo com todo o esforço, o papel de pai ou mãe está sendo mal cumprido;
  • Distúrbios do sono: dificuldades para dormir e desregulação do ciclo do sono;
  • Dores no corpo: os sintomas físicos mais comuns são dores de cabeça e dores musculares.

Cultura corporativa que contribui para o problema aumentar

Outro dado relevante trazido pelo estudo da B2Mamy com a Kiddle Pass diz respeito ao impacto da chegada de um filho na carreira, realidade de 68% das respondentes. Além disso, 59% já foram questionadas sobre maternidade em processos seletivos ou promoções. Outro levantamento, desta vez de 2023, conduzido pelo Empregos.com.br, mostra que 56% das mulheres já foram demitidas após a licença-maternidade ou conhece alguma profissional que passou por isso.

Os números se referem a pontos que precisam ser trabalhados dentro das organizações. Despreparo da liderança, políticas pouco sensíveis ao tema, ausência de ações de diversidade, equidade e inclusão, benefícios com baixa adesão e funcionalidade ao público são alguns dos fatores que prejudicam as mães trabalhadoras e igualmente desanimam as profissionais que desejam ter filhos.

A pesquisa inédita compartilha, ainda, que quatro em cada dez mulheres não sentem segurança psicológica junto ao seu líder e time, tendo que esconder necessidades e demandas relacionadas aos filhos.

“Vemos muitas empresas comprometidas com metas de equidade e investindo alto em programas de bem-estar para os colaboradores, mas percebo que uma fatia essencial da população corporativa está sendo esquecida. O apoio à família e à parentalidade é muito mais que um benefício, é uma competência organizacional associada à cultura que se sustenta. A conta nos próximos anos vai ser cara para as companhias, visto que a demanda por ambientes que proporcionem maior equilíbrio já ocupa o primeiro lugar como critério de escolha e permanência no emprego, além do aumento da presença feminina, que será acelerada nos próximos anos”, diz Marianna Espíndola, CEO da Kiddle Pass.

O que as empresas podem fazer?

De acordo com Simone Nascimento, médica com especialização em saúde mental nas organizações e uma das sócias da B2Mamy, é determinante que as empresas repensem a sua cultura não apenas para acolher as mães, mas também para alavancar a sua marca empregadora, umas vez que o investimento em DE&I contribuir para a atração e a manutenção dos melhores talentos.

Para ela, as empresas podem, para “reduzir o risco de Burnout e outros transtornos mentais em pessoas envolvidas em cuidados”, conduzir as seguintes ações:

  • Garantir que o trabalho de cuidado seja distribuído de forma mais equitativa entre os gêneros;
  • Ampliar as discussões sobre licença parental, creches acessíveis e serviços de cuidado de longo prazo;
  • Reconhecer e valorizar o trabalho de cuidado não remunerado;
  • Criar espaços de apoio, serviços de aconselhamento e programas de educação sobre saúde mental;

“Ao tomarmos medidas para apoiar as mães, estamos investindo na saúde e no bem-estar de toda a sociedade”, finaliza.


Fonte: RH pra VOCÊ


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