Publicado por Redação em Vida em Grupo - 02/12/2013
Brasil tem maior lacuna de proteção contra mortalidade na AL, aponta estudo
A lacuna total de proteção contra mortalidade em oito mercados latinoamericanos somou US$ 7,2 trilhões, conforme estudo realizado pela Swiss Re. Foram analisados Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, Porto Rico e Venezuela. Destes, os mercados com maiores lacunas são: Brasil (US$ 2,5 trilhões), Argentina (US$ 1,4 trilhão) e México (US$ 1 trilhão). Já Porto Rico apresentou a menor lacuna (US$ 0,1 trilhão).
Se analisarmos de 2003 para 2013, a lacuna aumentou. Mas a quantidade de proteção adquirida pela população também aumentou nesse período. Entre os fatores dessa expansão podem estar incentivos do governo para aquisição do seguro de vida em grupo ou mais pessoas comprando, analisou Julien Descombes, Head de Life & Health da Swiss Re para América Latina, Oriente Médio e Europa Continental, durante café da manhã com a resseguradora promovido pelo CVG-SP nesta quarta-feira, 27 de novembro.
Em visita ao Brasil, o especialista, que fica baseado na matriz da Swiss Re, em Zurique (Suíça), comentou os resultados do estudo realizado pela companhia. A íntegra do levantamento será divulgada em fevereiro de 2014.
A pesquisa comparou o mercado latinoamericano com outros mercados, como o europeu e o asiático. É interessante ver as diferenças por região, considera Descombes. A maior lacuna (ou gap) de proteção foi encontrado na Ásia - é o dobro do gap existente nos EUA. A América Latina, em relação à Europa, não registra uma lacuna tão grande, segundo o especialista. Na Europa, a Alemanha é o país com maior gap de proteção contra mortalidade: 10 mil dólares por pessoa. No Brasil, o índice é de 44 mil dólares por pessoa. Na Alemanha, o gap é grande porque não existe seguro de vida em grupo, justificou Descombes. Exceto Suíça e Holanda, todos os outros países analisados têm lacuna de proteção contra mortalidade. É um dado importante para a indústria do seguro, mostrando que ainda há como oferecer seguros de vida e outras proteções para as populações.
A média do gap de proteção contra mortalidade latinoamericano é de 60 mil dólares por pessoa e está entre os gaps observados na Europa (menor) e na Ásia (maior). A ideia com este estudo é calcular qual a renda que a pessoa precisaria ter para manter a família no mesmo padrão de vida caso morresse. Deduzimos os valores acumulados com poupança e outra aplicações, além dos seguros já contratados, explicou o executivo.
Este estudo foi realizado pela companhia, pela primeira vez, no Reino Unido, há 10 anos. Recentemente, passou a ser feito em outros países europeus, na Ásia e, com os mercados emergentes ganhando destaque na economia, foi realizado na América Latina.
Outro ponto analisado na pesquisa foi o custo dos seguros e como os consumidores avaliam o acesso ao seguro e à informação. É importante diferenciar o que a indústria do seguro vê como necessidade e o que o próprio consumidor considera como necessidade, apontou Descombes.
O executivo comentou ainda sobre os benefícios de produtos que incentivam a criação de poupança no Brasil. Característica diferente de países como Porto Rico, onde não existem essas formas de proteção, tornando as lacunas de proteção maiores.
Observamos também que mercados que desenvolveram seguro de vida em grupo tem gap de proteção menor, analisou Julien. Na Alemanha, por exemplo, há um grande índice de poupança, mas não de proteção contra mortalidade, como o seguro. Por isso os custos caem sobre os indivíduos da família quando há morte, comentou o especialista. É fato também que o mercado europeu enfrenta as mesmas dificuldades que o brasileiro para vender seguro de vida. Na cultura asiática, falar sobre morte é mais tabu ainda, o que colabora para dificultar a venda do seguro de vida.
Fonte: Jamille Niero