Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 31/03/2015
Brasil tem 64 planos de saúde sob intervenção federal
Outras 74 operadoras estão em processo de fechamento e antigos beneficiários já foram transferidos para outros planos de saúde.
O Brasil tem hoje 64 de planos de saúde sob intervenção federal que enfrentam problemas graves no atendimento. Os pacientes reclamam que, mesmo pagando caro, não tem acesso aos serviços. E a associação que representa as empresas diz que a culpa é do aumento dos custos.
Uma dolorosa espera castiga mãe e filha. O laudo mostra que Dona Tereza, de 83 anos, precisa operar com urgência porque ela tem varizes no esôfago com sinal de sangramento. A internação chegou a ser autorizada pelo plano, mas a cirurgia ainda não foi marcada. A filha, Luiza, anotou os detalhes das dez conversas pelo telefone com os atendestes da Unimed Rio, nos últimos dois meses. A justificativa é a falta de elásticos usados na cirurgia.
“A desculpa é que o fornecedor está sem o material, só que o próprio médico que vem acompanhando o caso já forneceu dois outros telefones de fornecedores que poderiam estar vendendo este material para a Unimed e até agora nada”, afirma Luiza Machado Carneiro.
A mensalidade cara, de mais de R$ 900, não garantiu até agora o atendimento. “O prazo venceu no dia 20 de março, eu deveria estar com tudo pronto, com a minha mãe internada fazendo a ligadura. É a vida dela que está em risco”, diz Luiza Machado Carneiro.
A Unimed Rio tem mais de 1 milhão de usuários. Com problemas financeiros, o grupo foi submetido a um controle da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Atualmente 64 operadoras estão sob o regime de direção fiscal, ou seja, tem um agente nomeado pela ANS acompanhando a gestão das empresas. Outras 74 operadoras estão em processo de fechamento e os seus antigos beneficiários já foram transferidos para outros planos de saúde.
Mas para a agência, não há uma crise no setor e a Unimed Rio tem condições de se recuperar. Por isso, não foi decretado o regime de portabilidade especial, uma medida adotada em situações mais críticas, quando a empresa está à beira da falência. Nesses casos, os beneficiários podem pedir a transferência imediata para outras operadoras, sem prazo de carência.
Para quem está tendo dificuldade no cumprimento de prazos, a orientação é levar a reclamação para a ANS. “Ele tem que buscar a ANS e ANS vai agir com as medidas previstas na legislação para que esse atendimento seja oferecido na forma que está no contrato”, diz diretor adjunto de normas e habilitação da ANS César Serra. A advogada Melissa Areal Pires aconselha quem tem pressa a procurar a Justiça, após o registro da queixa na ANS. “Em casos de urgência, em casos de necessidade de continuidade de tratamento um processo para obrigar o plano de saúde a dar a cobertura que foi contratada”, explica.
Sobre o caso da paciente mostrado na reportagem, a Unimed Rio alegou que houve demora porque o primeiro fornecedor indicado pelo médico não tinha o equipamento pedido. E informou que o procedimento agora foi autorizado. A Unimed afirmou ainda que já vem adotando medidas para enfrentar o desequilíbrio financeiro e que o pagamento da rede de cooperados está em dia.
Fonte: Jornal do Brasil