Publicado por Redação em Previdência Corporate - 22/10/2014
Brasil é penúltimo em ranking de previdência social sustentável com 50 países
O Brasil ocupa o 49º lugar em um ranking que avaliou a saúde dos sistemas de previdência social de 50 países do mundo, perdendo apenas para a Tailândia. O estudo, feito pela empresa de seguros alemã Allianz, mostra que o sistema mais sólido é o da Austrália, seguida da Suécia e da Nova Zelândia. O Japão aparece junto com o Brasil entre os com maiores riscos.
O índice de sustentabilidade dos sistemas de previdência é calculado desde 2004, mas foi ampliado para avaliar as condições dos países. O trabalho foi feito pela economista sênior da unidade de Pensões Internacionais da Allianz Asset Management, Renate Finke, na Alemanha. O estudo levou em conta não o valor dos benefícios, mas a capacidade do sistema de garantir o pagamento das pensões no futuro, de acordo com seus dados demográficos, ou seja, com o envelhecimento crescente das populações, com consequente crescimento dos aposentados e a queda na contribuição pela redução dos jovens trabalhando.
Tailândia na lanterna
De acordo com o estudo, o 50º lugar ocupado pela Tailândia está relacionado à idade extremamente baixa com que sua população se aposenta, além do rápido envelhecimento das pessoas e do fato de o trabalho informal ser representativo no país, o que limita a arrecadação de contribuições para manter o sistema.
Problemas do Brasil
Já o sistema público de pensões no Brasil parece insustentável no longo prazo porque tem alta taxa de substituição (ou seja, o valor do benefício é muito próximo do recebido na ativa, 85,9% em média, para 60,8% na média mundial), somada às opções de aposentadoria antecipada, ao número de idosos que cresce a passos largos e aos 13 pagamentos anuais, que provoca estresse nas finanças públicas.
Embora 60 e 65 anos sejam as idades legais para que brasileiras e brasileiros, respectivamente, se aposentem, na prática os benefícios são concedidos muito mais cedo, quando considerado o tempo de contribuição, de 30 e 35 anos. Isso sugere que os brasileiros podem começar a receber aposentadoria, em média, aos 50 anos para as mulheres e 55 para os homens.
Diante disso, o estudo projeta que, em 2050, o número de pensionistas no Brasil deverá aumentar 3,5 vezes.
Japão
O Japão também aparece na parte inferior do ranking por causa da média de idade avançada da sua população e nível elevado da dívida soberana, explica o relatório.
Austrália melhor
Já a posição de liderança da Austrália é consequência do que o estudo chama de uma estrutura dualista. Nesse país, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Irlanda, a receita pública cobre apenas as necessidades mais básicas da população, ou seja, evita a pobreza na velhice. Qualquer rendimento adicional, para manter certo padrão de vida, deve ser obtido a partir de fontes financiadas por meio de capitalização, ou seja, planos de previdência privada. Ao mesmo tempo, a Austrália conta com a combinação da demografia favorável e boa gestão das finanças públicas.
O Índice de Sustentabilidade de Pensões da Allianz foi lançado em 2004. No entanto, a versão de 2014 traz pela primeira vez a análise de 50 países – passaram a ser contemplados Brasil, Chile, México, Malásia, Indonésia e África do Sul.
Grécia e Irlanda melhoram
Desde o último estudo, em 2011, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Romênia, Singapura, Turquia e Estados Unidos foram capazes de subir mais de cinco posições no ranking. A melhora das perspectivas de envelhecimento, a introdução de reformas das pensões e o desenvolvimento econômico podem ser fatores que levaram a essa melhora. Croácia, França, Hong Kong, Malta, Eslovênia e Taiwan caíram significativamente na classificação. Dentre as razões estão a nova projeção de envelhecimento rápido da população e o atraso na realização de importantes reformas de pensões.
O índice, ao analisar o sistema público de pensões, torna-se capaz de indicar a necessidade de um país em fazer reformas para manter a sustentabilidade financeira em longo prazo.
Isso pode ser difícil de avaliar devido às especificidades institucionais, técnicas e jurídicas de cada nação, reconhecem os autores do estudo. No entanto, há as principais variáveis, independentemente dessas diferenças.
O índice usa subindicadores como a evolução demográfica, finanças públicas e projetos de sistemas de pensão para medir sistematicamente a sustentabilidade de um sistema de aposentadorias. Eles abrangem vários parâmetros para a situação atual e perspectivas futuras do sistema.
Fonte: http://www.arenadopavini.com.br