Publicado por Redação em Notícias Gerais - 06/06/2012
Brasil deve crescer 1,9% em 2012, projeta Maílson da Nóbrega
A desaceleração econômica do país, perceptível logo na divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, é uma tendência que deve acompanhar o Brasil nos próximos anos, caso o governo mantenha o atual modelo de crescimento baseado apenas no estímulo ao consumo e ao crédito. A projeção é do ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria.
Em evento realizado na tarde desta terça-feira (5) em São Paulo, Nóbrega afirma que o baixo nível de investimentos e da produtividade industrial resultará numa expansão de apenas 1,9% no nível de atividades do país em 2012, ritmo bem abaixo dos 2,7% registrados em 2011.
"Nosso modelo de crescimento está esgotado. Apostar no consumo não é sustentável, pois a nossa capacidade de produção não consegue mais acompanhar o ritmo da demanda doméstica. Se não mudarmos essa estrutura, teremos de nos conformar com dois cenários: inflação mais elevada ou taxas de crescimento bem mais modestas daqui para frente. Acredito que a segunda opção é a mais provável", afirma.
Inflação, Selic e desemprego
Ainda assim, a expectativa é que a inflação não atinja o centro da meta (4,5%) este ano. Para ele, a tendência que o país encerre 2012 com um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1%. Esse cenário será resultado de mais quedas na taxa básica de juros para fomentar o consumo. "A Selic deve chegar a 7,5% este ano, mais uma mínima histórica", analisa. A taxa está em 8,5% ao ano, o menor patamar desde 1973, quando foi criada.
Mesmo que não se sustente no longo prazo, o modelo de crescimento brasileiro contribuirá para a redução do nível de desemprego a patamares também históricos este ano. Conforme Nóbrega, o índice de desocupação atingirá 5,8% em dezembro. Vale destacar que a taxa vem caindo significativamente nos último anos, passando de 6,7% em 2010 para 6,0% em 2011.
"O mercado de trabalho está em alta, puxado principalmente pelo setor de serviços, um segmento que não enfrenta concorrência com o exterior, e que é diretamente alimentado pelas políticas de expansão do consumo", destaca Maílson.
Dólar a R$ 2
Outro indicador que deve apresentar melhora este ano é o saldo da balança comercial brasileira, que encontra na alta do dólar o seu principal aliado. O câmbio, que deve fechar 2012 próximo de R$ 2, contribuirá para um volume de exportações na casa dos US$ 80 bilhões. As vendas para o exterior resltarão, nas projeções do ex-ministro, no saldo de US$ 20 bilhões da balança comercial brasileira até dezembro.
Para 2013, o ex-ministro espera uma recuperação modesta da indústria, setor que deve contribuir mais para o PIB no ano que vem - cuja alta estimada é de 3%. Embora a expectativa é que a economia cresça mais, Maílson ressalta que o país ainda está longe de retomar o seu nível de expansão potencial (5% ao ano).
Fonte: Infomoney