Publicado por Redação em Notícias Gerais - 20/10/2011

Bovespa retrocede 1,7% com impaciência de investidor

Em um cenário externo adverso, as ações brasileiras se desvalorizaram novamente, desta vez com mais ímpeto na comparação com a modesta queda de ontem.

O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocedeu 1,74% no fechamento, aos 54.009 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,3 bilhões, bem abaixo da média do mês (R$ 6 bilhões/dia).

Entre os papéis mais procurados pelos investidores, a ação preferencial da Petrobras caiu 2,13%, enquanto a ação de mesmo tipo da Vale retrocedeu 1,27%.

O investidor também optou por se desfazer daqueles poucos ativos que haviam evitado uma retração ainda maior na jornada de ontem. Dessa forma, os papéis dos principais bancos do país sofreram perdas entre 1,20% (Banco do Brasil) e 1,25% (Itaú-Unibanco).

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,789, em um aumento de 0,78%. A taxa de risco-país marca 234 pontos, número 1,73% acima da pontuação anterior.

As principais Bolsas europeias encerraram os negócios de hoje com fortes perdas de 1,20% (Londres), 2,32% (Paris) e 2,48% (Frankfurt).

Analistas e investidores mostram impaciência com a novela europeia. Hoje, uma comunicado conjunto entre Alemanha e França adiantou que mais negociações serão necessárias para alcançar um acordo no sentido de reforçar o fundo de estabilidade financeira, peça chave para enfrentar a crise das dívidas soberanas.

"O fato de que o EFSF [o fundo de estabilidade financeiro] tem potencial para ir às compras no mercado secundário é algo positivo e pode prover um bocado de suporte para o mercado. Também pode reduzir a pressão sobre o Banco Central Europeu. O que o mercado quer ver é um EFSF expandido, com poder de fogo suficiente (...) para salvar aqueles países que estão em dificuldades financeiras", comentou o economista do banco alemão Commerzbank, Peter Dixon, à agência Reuters.

"O que o mercado percebe é que, quando mais passa o tempo, mais problemático fica para resolver [os problemas do continente]", disse Carlos Abdalla, diretor de câmbio da corretora Renova.

PERSPECTIVAS

Nos EUA, a Bolsa de Nova York subiu 0,32%, pela referência do índice Dow Jones. O índice de ações mais abrangente, o S&P500, teve alta de 0,45%. Em Wall Street, o humor dos investidores melhorou um pouco com a divulgação de um índice de atividade regional (Filadélfia), que mostrou expansão bem acima das expectativas.

Para os analistas técnicos --que se baseiam em padrões gráficos para detectar tendências da Bolsa-- o baixo volume de negócios dificulta que o índice Ibovespa escape da atual zona dos 53 mil-55 mil pontos onde têm oscilado nos últimos meses.

Dessa forma, advertem esses profissionais, para que o mercado de ações brasileiro tome um rumo mais consistente de alta seria preciso que seu principal "termômetro" superasse a marca dos 56 mil pontos de forma consistente, o que abriria a oportunidade para voltar aos 60 mil.

Por outro lado, caso o índice comece a oscilar abaixo dos 53 mil, novas ordens de venda por investidores temerosos podem empurrar esse indicador para o "piso" dos 50 mil.

EUA, EUROPA E COPOM

Nos EUA, o Departamento de Trabalho apontou uma retração na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego. O total de pedidos iniciais atingiu 403 mil até a semana passada, em uma redução de 6 mil registros frente à cifra anterior. Economistas do setor financeiro, no entanto, projetavam um número ainda menor, na casa dos 401 mil.

Poucas horas depois, a associação NAR (que reúne os corretores do setor imobiliário) reportou uma contração de 3% nas vendas de imóveis em setembro, em um desempenho ainda pior do que o projetado por analistas de bancos e corretoras.

E o governo da Alemanha, a maior economia europeia, rebaixou sua projeção para o crescimento do PIB em 2012, de esperados 1,8% para 0,8%, num reflexo da conjuntura mais adversa na zona do euro.
Já no front doméstico, o IBGE reportou uma inflação de 0,42% em outubro, ante 0,53% em setembro, pela leitura do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 varia 7,12%, ainda bem acima do centro da meta (4,5%) para 2012. O IPCA-15 é considerado como uma estimativa prévia do IPCA, o índice oficial de preços.

O Banco Central não surpreendeu ontem à noite e ajustou a taxa básica de juros do país de 12% ao ano para 11,50% como esperado pelos mercados financeiros, e portanto, a decisão pouco efeito deve ter sobre os negócios realizados hoje.

Fonte: www1.folha.uol.com.br | 20.10.11
 


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