Publicado por Redação em Notícias Gerais - 27/12/2011
Bovespa deve subir só no 2º semestre de 2012, dizem analistas
Em 2011, a crise financeira europeia e o fraco desempenho da economia dos EUA fez com que o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) ficasse longe dos 80 mil pontos previstos por alguns analistas no final de 2010. Para 2012, a previsão é de estagnação do índice no primeiro semestre e de uma alta moderada no segundo, desde que o acordo europeu funcione e consiga brecar os problemas de países como Portugal, Espanha, Irlanda e, principalmente, Itália e Grécia, dizem analistas.
"O mercado não esperava que a crise na Europa, que vem desde 2008, se agravasse da forma como se agravou. O problema foi muito maior e ainda está longe de ser solucionado", diz Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros. Conforme Vieira, o mercado deve se preocupar com o ritmo da desaceleração econômica dos países em crise, mas a China também gera receios, já que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu abaixo das taxas esperadas e o país enfrenta uma inflação acima da meta.
Após uma queda de 41,2% em 2008, o Ibovespa apresentou alta de 82,7% em 2009 e subiu 1% em 2010. Até o momento, a queda em 2011 é de quase 20%. Em 2010, o índice teve sua máxima durante os negócios no começo de novembro, aos 73.103 pontos, sem romper o recorde histórico de 73.920 do fim de maio de 2008. Em 2011, o recorde foi de 71.632 no dia 13 de janeiro.
Para Vieira, o Ibovespa deve ficar entre 65 mil pontos (alta de aproximadamente 15%) no final de 2012, partindo-se de uma perspectiva conservadora, ou, em uma análise mais otimista, com a crise europeia resolvida com mais facilidade do que era esperado, pode chegar até a 72 mil pontos (aumento de cerca de 27%). No entanto, os mercados doméstico e externo ainda devem desacelerar nos próximos seis meses para ganhar ritmo novamente apenas no segundo semestre.
Conforme o economista da Legan Asset Management Fausto Gouveia, o ano de 2011 contrariou a previsão dos analistas que esperavam que a crise de 2008 fosse resolvida e que não continuasse gerando reflexos nos mercados.
"O ano foi muito complicado, com certeza o mais complicado desde 2008, os EUA não conseguiram sair da crise, a recessão na Europa aumentou, a preocupação com a saúde dos bancos da zona do euro continua muito forte e há ainda a preocupação com a manutenção da moeda", diz.
Ele vê um primeiro semestre de 2012 praticamente igual ao final de 2011, com o Ibovespa médio a 57 mil pontos. No segundo semestre, ele espera um índice mais alto, de 62 mil pontos.
O diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, considera que a frustrante recuperação americana no pós-crise de 2008, com o plano de ampliação da cobrança de impostos para a alta renda proposto pelo presidente Barack Obama rejeitado pelo Congresso sendo um dos fatores que contribui para a baixa do Ibovespa em 2011. A crise europeia, em dimensões maiores do que era esperado, também foi entrave citado.
No entanto, o Grisi espera um ano de 2012 melhor, ainda que sem as previsões de alta verificadas em 2009. "A economia já deve acelerar outra vez a partir do final do primeiro trimestre, com o índice entre 65 mil e 70 mil pontos, incentivado principalmente pelo consumo interno e pela construção civil. Mas o pequeno investidor continuará longe da bolsa, é um período de cautela", diz.
Segundo ele, a alta não deve ser maior porque o mercado externo ainda terá pela frente um longo período de recessão e de recuperação. Os investidores devem buscar muito menos derivativos já que a "especulação se tornou um esporte arriscado", diz o diretor. "O momento será mais de proteção de riqueza do que de fazer dinheiro na bolsa".
Fonte:not.economia.terra.com.br|27.12.11