Publicado por Redação em Notícias Gerais - 12/12/2014
Banco Central não está sozinho no combate à inflação
Depois de promessas feitas pelo ministro da Fazenda indicado, Joaquim Levy, o Banco Central colocou suas fichas na futura equipe econômica e na expectativa de que não terá mais de trabalhar sozinho contra a inflação. Na ata da última reunião de 2014 do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, a instituição disse que se Levy entregar o combinado, economizar o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e reduzir subsídios, a política fiscal pode deixar de ser combustível para o custo de vida. Ou seja, pela primeira vez, o BC diz que a política de gastos públicos pode ser favorável ao combate à inflação.
Diante da expectativa de ajuda, a instituição sinalizou que a alta de juros será usada com "parcimônia" e que mesmo prevendo um 2015 difícil, com preços em alta, a estratégia combinada entre Fazenda eBanco Central deve surtir efeito. Na semana passada, o BC decidiu apertar a política de combate à inflação mesmo com a economia brasileira praticamente parada. Por unanimidade, o Copom acelerou a alta da taxa de juros. Aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual: o dobro da elevação feita na reunião de outubro. Com isso, os juros subiram de 11,25% ao ano para 11,75% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2011.
De acordo com a ata divulgada ontem, o entendimento é de que ainda no próximo ano o IPCA entre "em longo período de declínio" e apenas em 2016 alcance o centro da meta, definida em 4,5%. O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse em audiência no Congresso, na terça-feira, que a inflação próxima de 4,5% pode, inclusive, ter caráter permanente.
Com a inclusão desse cenário na ata, no entanto, o BC reforça a necessidade dessas medidas para corrigir desequilíbrios econômicos. Essa também não é a primeira vez que a autoridade monetária, na gestão de Tombini, projeta que a inflação deve ceder e alcançar o centro da meta - previsão que nunca se concretizou. A última vez que o IPCA esteve em 4,5% ou menos foi em dezembro de 2009, quando atingiu 4,31%. No primeiro mandato de Dilma Rousseff, o custo de vida acumulado em 12 meses rompeu o teto da meta em 10 dos 47 meses calculados pelo IBGE até agora.
Ainda na ata, o BC acabou indiretamente antecipando que o governo tomará medidas para a redução do custo dos subsídios das operações de empréstimos do Tesouro Nacional aos bancos públicos, principalmente ao BNDES, reforçando o discurso do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Fonte: www.aserc.org.br