Publicado por Redação em Dental - 15/12/2015
Bacupari: fruta da Amazônia combate a cárie
Testes mostram que molécula isolada do fruto diminui a incidência de lesões sem afetar a flora oral
Em 2009, foram divulgados os primeiros resultados sobre o uso de uma frutinha da Amazônia no combate às bactérias causadoras da cárie. Agora, os pesquisadores mostram avanços no estudo. “A partir do momento em que descobrimos o potencial antimicrobiano do fruto do bacupari, o próximo desafio foi identificar e isolar o composto ativo responsável por esta propriedade. Após uma série de análises químicas e microbiológicas, chegamos ao composto 7-epiclusianona (7-epi)”, explica o farmacologista Pedro Rosalen, professor da Unicamp.
Em um estudo, foi avaliada a influência da 7-epiclusianona sobre a atividade de uma enzima que quebra a sacarose (açúcar) que, por sua vez, é utilizada pela bactéria Streptococcus mutans, principal agente causador da cárie, para a formação de uma cola que promove a adesão da bactéria ao dente e a outras bactérias. “Em baixas concentrações, a molécula 7-epi do bacupari, reduz atividades importantes para a aderência bacteriana, diminui a produção de ácidos que levariam à desmineralização do dente, e afeta a morfologia e fisiologia do biofilme (placa) dentário”, afirma Rosalen.
Até agora não foram realizados testes em humanos, mas de acordo com um estudo feito em ratos, a 7-epi diminui a quantidade e severidade de lesões de cárie tanto nas superfícies lisas quanto nos sulcos dos dentes dos animais. “E, apesar de prevenir o desenvolvimento de cárie, a molécula não interferiu na flora oral que impede a instalação de outros microrganismos nocivos à saúde da boca”.
Vale ressaltar que estes estudos mais específicos foram feitos com a molécula purificada e não com o fruto inteiro. Assim, não necessariamente o fruto do bacupari irá exercer a mesma atividade observada para o seu composto ativo isolado.
“Quem sabe em um futuro próximo, a população possa se beneficiar dos efeitos anti-cárie do bacupari (especificamente da 7-epi) em formulações de uso odontológico, como cremes dentais e enxaguatórios? Para tanto, ainda são necessários testes de toxicidade e eficácia clínica, bem como estabelecer uma parceria entre a universidade e a indústria para viabilizar a produção em larga escala e comercialização do produto”, diz o professor.
Fonte: Terra Saúde Bucal