Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 30/08/2011
Automação melhora a assistência à saúde em laboratórios inteligentes
O cenário futurista com robôs separando tubos com material de exames faz parte da imaginação fértil apenas de quem desconhece o grau de automação atrás das portas dos laboratórios. Além das transformações do espaço de trabalho, os modelos padronizam processos e consequentemente diminuem erros na medicina laboratorial. Outros pontos importantes são o aumento de produtividade por redução nos desperdícios, menor consumo de recursos e melhoria da eficiência.
De acordo com os especialistas consultados pela revista FH, a automação é adequada para pequenos e grandes laboratórios. Nas últimas décadas, o processo cresceu tornando possível certo grau de automação em todas as fases laboratoriais: pré-analítica, analítica e pós-analítica.
Na primeira fase, por exemplo, que envolve coleta, manipulação, processamento e entrega das amostras aos analisadores, embora pareça a mais fácil, é onde ocorre mais de 65% dos erros em laboratórios, segundo o consultor da Formato Clínico, Gustavo Campana. Aqui, além de toda informação automatizada, é possível automatizar a gestão do processo com o material.
As inovações tecnológicas necessitam de soluções abrangentes (LIS/LAS, middleware, sistemas de interfaceamento) e equipes preparadas para manter e implantar os recursos. Entre os sistemas, destaca-se o Laboratory Information Systems (LIS) que gerencia desde a entrada do paciente até a liberação do laudo. Alguns mais completos, além da rotina de call center e logística, dispõem de recursos de gestão mais elaborados, como Business Intelligence.
Integração
Para entender como a solução funciona e suas possibilidades, o diretor técnico da Matrix Saúde, Renato Casella, lembra do período em que os desenvolvedores de LIS precisaram prover soluções de integração de seus sistemas aos equipamentos de automação laboratorial. “Dessa forma, nasceram empresas especializadas na solução, com sistemas que variavam de simples drivers de comunicação até middlewares completos”.
O middleware é uma evolução dos sistemas de interfaceamento, pois são capazes de gerenciar o controle interno de qualidade de forma integrada.
O Laboratory Automation System (LAS) nasceu como software para gerenciar a automação total. Mas há uma tendência de o LIS absorver esta função, segundo Gustavo Campana. O tipo de automação depende do modelo de negócio do laboratório, assim, é necessário realizar uma análise para identificar suas necessidades estratégicas.
No Brasil não há exemplos de automação total. O consultor explica que isto está relacionado com o perfil de exames. “O médico pede os exames que quer. Na Europa, onde se usa muito a automação total, o médico coloca sua hipótese diagnóstica e o laboratório faz os testes reflexos até chegar ao diagnóstico”.
Entre os modelos de automação, podemos destacar o modular, com dois padrões importantes: modularidade, capaz de integrar diferentes fases da automação e integração, e de acoplar perfis diferentes num equipamento. Outro tipo é o Task Target Automation (TTA) que é direcionado a processos. A automação é muito usada na fase pré-analítica em que distribui uma amostra baseada no processo pelo qual deve passar. “É bastante utilizada nos chamados laboratório de apoio”, explica Campana.
Ainda há outro modelo fundamental, o Stand Alone Automation (SAA). Ao invés de uma esteira integrando os equipamentos, por exemplo, há um equipamento automatizado. “Isto permite que o laboratório de pequeno porte tenha uma automação”.
Produtivos e eficientes
O aumento no número de exames realizados hoje mostra que o avanço da automação, dos equipamentos e da sua integração permite laboratórios mais produtivos.
A Dasa espera realizar 175 milhões de exames neste ano. “Nossos laboratórios foram projetados no passado para um teto de produção de exames e hoje com os processos de automação e a própria evolução dos equipamentos é possível produzir muito mais exames em áreas que tinham sido planejadas para uma produção menor”, diz o diretor de análises clínicas da Dasa, Claudio Pereira.
A redução no tempo de resposta do laboratório também é fundamental na qualidade assistencial. “O meio hospitalar é um dos lugares em que dá mais prazer ver a automação funcionando, pois você consegue de fato reduzir os tempos e as condutas”, ressalta Renato Casella.
Esta diminuição é mais um avanço que vai ao encontro de tendências atuais da área da saúde. Hoje o Turnaround Time (TAT), que é o tempo de entrada no laboratório até o tempo de liberação do laudo, é uma questão fundamental para a área. “Às vezes no processo manual o mesmo exame ou fica pronto muito rápido ou demora muito.
Quando há a automação, o TAT fica previsível, com desvio do padrão muito menor’, diz Pereira da Dasa. Também é possível ajustar, segundo ele, o TAT para ser mais rápido ou no tempo em que o cliente demanda. “Eu posso também ampliar a capacidade, porque quando integro os equipamentos num processo de automação, em geral, consigo utilizar mais os equipamentos do que quando estão sendo alimentados manualmente”.
Área financeira
Além do controle dos processos, é possível obter indicadores de forma automatizada para o controle da área econômica financeira da instituição. Segundo Genilson Simões Cavalcante, diretor da MV, com o controle dessas ações é possível criar uma base de dados que gerem informações para a área estratégica do negócio e medir com exatidão as demandas. “Posso gerar todos os indicadores necessários para o processo como um todo. Posso ter indicadores de interesses clínicos, financeiros, epidemiológicos, de tempo entre outros”, diz ele.
Fonte: www.saudeweb.com.br | 30.08.11