Publicado por Redação em Notícias Gerais - 09/11/2011
Após três meses, dólares voltam a deixar Brasil em meio à crise
Informações divulgadas nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central revelam que houve a saída líquida de dólares do Brasil, ou seja, acima do volume de dinheiro que entrou no país, no montante de US$ 134 milhões em todo mês de outubro. Trata-se da primeira retirada de dólares desde junho deste ano, quando US$ 2,55 bilhões saíram do país.
A retirada de recursos da economia brasileira acontece em um momento de aumento das tensões nos mercados internacionais. Geralmente, quando há turbulências externas, os investidores costumam retirar recursos do Brasil, e de outros mercados emergentes, para cobrir a necessidade por fluxo de caixa ou em busca por aplicações consideradas menos arriscadas, como os títulos dos Estados Unidos.
Contas financeira e comercial
De acordo com a autoridade monetária, US$ 2 bilhões saíram do Brasil em outubro pela conta financeira – que inclui os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.
Ao mesmo tempo, porém, houve o ingresso de US$ 1,86 bilhão no país, no mês passado, pela chamada conta comercial - na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação. A explicação é que, com a subida da cotação do dólar, exportadores podem ter aproveitado para "internalizar" os recursos e obter mais reais.
Parcial do ano
Apesar da saída de divisas registrada em outubro, ainda há mais entrada, do que retirada de dólares do país, na parcial deste ano.
Nos dez primeiros meses de 2011, segundo números do Banco Central, houve o ingresso líquido de US$ 68,16 bilhões no Brasil, o representa um crescimento de cerca de 180% acima do ingresso registrado em todo o ano de 2010, no valor de US$ 24,35 bilhões.
A entrada de dólares, na parcial de 2011, já é a segunda maior da história, mesmo sem o ano ter acabado, ficando abaixo apenas de 2007. Em todo aquele ano, US$ 87,45 bilhões ingressaram na economia brasileira.
Impacto na cotação do dólar
A retirada de recursos no país que foi registrada em outubro, segundo analistas, teoricamente favorece a subida do dólar. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar maior.
Após registrar forte alta em setembro, os dados mostram que está havendo um recuo da cotação do dólar em outubro. No final de setembro, a moeda norte-americana estava cotado a R$ 1,85, caindo para R$ 1,70 no fechamento de outubro. Nesta quarta-feira (9), porém, a moeda norte-americana está sendo cotada ao redor de R$ 1,75.
Para o economista da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, especialista no mercado de câmbio, o recuo do fluxo cambial (positivo) pode pressionar a taxa cambial além do intervalo entre R$ 1,70 a R$ 1,75 - que vinha sendo projetado para o fim deste ano.
"Contrariando a nossa expectativa e de muitos analistas, passamos a considerar a probabilidade do câmbio ser uma surpresa negativa numa perspectiva mais curta do que estávamos prognosticando para uma apreciação do preço da moeda americana", avaliou ele em comunicado.
Fonte:http://g1.globo.com|09.11.11