Publicado por Redação em Vida em Grupo - 14/11/2014
Apenas 5% dos brasileiros contratam seguro de vida, mostra pesquisa
Apesar de movimentarem um mercado em crescimento, que ultrapassou a marca dos R$ 9 bilhões em 2012, os planos de seguro de vida ainda são pouco atraentes no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada encomendada pela Icatu Seguros ao Ibope Inteligência, obtida com exclusividade pelo GLOBO, apenas 5% dos brasileiros contratam esse tipo de proteção. O percentual também é baixo entre os que afirmam ter seguro pago pelas empresas em que trabalham, de 7%. Já na classe C, não passa de 3%. A explicação dos números, considerados tímidos pelo mercado, pode estar em uma cultura de educação financeira incipiente no país e no baixo valor simbólico que esse tipo de proteção tem no imaginário do consumidor, afirmam especialistas.
Para chegar às estimativas, o Ibope ouviu 2.002 pessoas em todas as regiões do país. A pesquisa foi feita com base nas declarações dos entrevistados. Ou seja, no caso dos planos empresariais, é possível que haja pessoas que têm planos pagos pelas empresas, mas não sabem que contam com a cobertura. Isso mostra como a importância dada a esse tipo de produto é baixa.
De acordo com a diretora de produtos e marketing da Icatu, Aura Rebelo, o levantamento é um alerta para o segmento, que vai precisar se adaptar para atrair mais clientes. A empresa tem buscado implantar assistências extras, como orientação nutricional e auxílio funeral, para aumentar a percepção de valor do produto.
— A classe C, assim como as regiões Norte e Nordeste (ambas as regiões com 2% de penetração), têm enorme potencial para crescimento nesse campo de educação financeira. Por isso, estamos colocando assistências no plano, como nutricional e funeral, esse último muito valorizado pelos clientes. São acessórios que vão tendo mais a cara de uma região ou de outra — afirma Aura.
Para a professora de comportamento do consumidor da ESPM e do Ibmec, Hilaine Yaccoub, é um desafio atribuir valor a um produto que não tem benefício imediato, como o seguro de vida. Segundo cálculos da Icatu, um plano com capital segurado de R$ 1 milhão custa R$ 136 por mês, em um dos planos da empresa. Mas a especialista destaca que é mais comum que o consumidor prefira destinar o dinheiro a uma prestação de TV, por exemplo.
— O objeto é uma forma de comprovação da melhora de vida. É por isso que o parcelamento dá tão certo no Brasil. É a cultura do imediatismo. As pessoas não pensam muito em futuro, e isso não vale apenas para as classes populares. Tem muita gente nas elites que investe em imóvel, mas não investe em previdência — analisa Hilaine.
Mercado cresceu 7% em 2012
De acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o segmento movimentou R$ 9,2 bilhões em 2012, alta de 7% em relação ao resultado do ano anterior. Os números mais recentes também apontam para crescimento. No acumulado de 2013 até maio, o segmento já acumula aumento de 15,63%, com um volume de R$ 4,5 bilhões.
Apesar do cenário de alta, o presidente da entidade, Osvaldo do Nascimento, admite que o mercado enfrenta dificuldades culturais para crescer.
— Comparando com outros países, a gente vê que, no Brasil, o próprio Estado protege o cidadão. Quando o consumidor vê necessidade de contratar um seguro, geralmente está relacionado a temas mais tangíveis: casa, carro etc. Ele sente necessidade de um seguro para não deixar uma dívida para a sua família — analisa Nascimento.
Hoje, segundo a Fenaprevi, a penetração do seguro de vida, medida pela relação entre o montante de receita de prêmio e o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), está em 4%. Em países como os EUA, essa relação é de 8%, mas a estrutura de proteção social também é diferente. Para os próximos cinco anos, a expectativa do setor é dobrar essa penetração, para 8% do PIB.
Fonte: O Globo