Publicado por Redação em Notícias Gerais - 18/07/2013
Adolescente ficou sem tomar remédio por quase dois anos
O adolescente Geraldo (nome fictício), hoje com 17 anos, nasceu com HIV - ele pegou o vírus da mãe e foi contaminado durante o parto. Ele é um dos jovens que largaram o tratamento na metade e agora luta para reconstruir o sistema imunológico, que ficou abalado pela suspensão do uso da medicação.
Até os 10 anos, Geraldo não sabia que tinha uma doença. Tinha amigos, frequentava a escola normalmente, tomava a medicação em dia, mas não sabia para que servia. Também não sabia que seus pais eram HIV positivo.
Seu pai morreu quando ele tinha 4 anos, e ele só percebeu que havia algum problema com sua mãe quando ela adoeceu. “Me disseram que era um problema no pulmão e ela morreu pouco tempo depois.” Mesmo assim, ele não soube o real motivo da morte na época.
Geraldo passou a ser criado pela tia. E então começou a questioná-la sobre o motivo de ter de tomar tanto remédio. A tia sempre desconversava, tinha medo de o menino sofrer preconceito. A dúvida terminou quando ele decidiu perguntar diretamente para a médica, que explicou que ele tinha um “bichinho no sangue” que fazia as defesas de seu corpo ficarem baixas. E que, por isso, ele teria de tomar remédios pela vida toda. “Fiquei assustado.”
Por volta dos 14 anos, Geraldo começou a sentir os efeitos colaterais das drogas: tinha fortes dores de estômago, pois tomava dez comprimidos por dia. Foi nessa época que passou a “esquecer” de tomar os remédios. “Colocava na boca, mas jogava no vaso sanitário para minha tia não perceber.”
Por quase dois anos, ele deixou de tomar o remédio e a consequência foi que a sua carga viral ficou muito alta e ele passou a desenvolver pneumonias e outras doenças oportunistas.
“Passei a sentir raiva por ter a doença e porque o remédio me fazia mal. Só voltei a tomar quando fiquei muito tempo internado”, conta o jovem, que estava internado havia mais de 30 dias quando conversou com o Estado.
Hoje, Geraldo diz se arrepender de ter abandonado o tratamento. “Agora entendo a importância da medicação. Hoje faço o possível para tomar direitinho.”
Fonte: O Estado de São Paulo