Publicado por Suporte AW em Notícias Gerais - 17/01/2011

Ação da Tempo cai 10% após renúncia de presidente

Desde que, na segunda-feira, a Tempo Assist comunicou ao mercado a renúncia de seu diretor-presidente, as ações da empresa de planos de saúde e odontológicos acumularam queda de 12% em três pregões.

Ontem, a 15 minutos do fim do pregão, a ação caía 3,9%, mas fechou com recuperação, em alta de 2%, a R$ 4,50. A perda da semana se reduziu para 10%.

A empresa informou que Carlos Rodrigo Formigari deixou o cargo por decisão pessoal.

O executivo assumiu o posto em abril de 2009 com o compromisso de aprimorar os processos e a governança corporativa. Sua gestão era bem vista pelo mercado.

A avaliação era que o presidente anterior, José Bonchristiano, viabilizou aquisições e o crescimento da empresa, mas não obteve o mesmo sucesso no momento de consolidar as atividades. Já Formigari, vindo da área de cartões do Unibanco, era visto como um profissional com foco em execução operacional. Quando assumiu, a cotação da Tempo estava ao redor de R$ 2,80.

O Valor apurou que a insatisfação de Formigari cresceu nos últimos meses por conta da condução do processo de tentativa de venda da empresa. Em outubro de 2010, a Tempo informou que BTG Pactual e UBS a assessoravam na avaliação e prospecção de oportunidades de "combinação de negócios, investimentos e desinvestimentos para seus diversos segmentos de negócios".

O fato relevante foi divulgado após reportagem do Valor informar que a empresa procurava comprador para 100% de seu capital e atraía seis interessados: a operadora de planos de saúde Amil; as seguradoras Bradesco Saúde, Mapfre e SulAmérica; a corretora de saúde Qualicorp e a United Healthcare, empresa de saúde dos Estados Unidos.

No entanto, a gestão da Tempo estava completamente fora desse processo de venda total ou parcial da empresa. Toda a negociação sempre foi tocada pela GP Investimentos, maior acionista individual da Tempo, com fatia de 20,8%, e pelo antigo diretor-presidente e atual presidente do conselho de administração, José Bonchristiano, que é irmão de Antonio Bonchristiano, um dos sócios da GP.

O Valor apurou que nenhuma transação foi fechada até o momento porque os interessados desistiram, descontentes com a quantidade de informações que eram oferecidas para se avaliar os negócios à venda.

Descontente por estar liderando uma empresa em processo de venda sobre o qual não possuía informações, Formigari decidiu aceitar o convite de seu antigo empregador e retornar para a área de cartões do Itaú Unibanco. Com a saída da empresa, o executivo deixou para trás, inclusive, o exercício de seu plano de opções de ações, que responde por 40% de sua remuneração.

Procurada pelo Valor, a GP não concedeu entrevista e Formigari não foi localizado.

José Luis Magalhães Salazar, diretor financeiro da Tempo e que passou a acumular a presidência, afirmou que o que tem a dizer é apenas o que está nos comunicados já divulgados pela companhia. Ou seja, que a saída de Formigari se deveu a motivos pessoais e que a empresa é assessorada por BTG e UBS.

Salazar disse ainda que a saída do executivo não implicará nenhuma mudança na agenda da companhia. "O ano de 2010 foi de arrumação da casa, ajuste de processos, redução de custos e de tornar a empresa mais transparente", diz. Em 2011, segundo ele, o foco será na expansão. "A empresa está pronta para se tornar mais agressiva em sua estratégia de crescimento. Saímos de uma agenda interna para uma visão externa." (Colaborou Beth Koike)

Fonte: jornal Valor Econômico 14/01/2011 - Ana Paula Ragazzi


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