Publicado por Redação em Previdência Corporate - 27/12/2013
A previdência privada num ano de turbulências
No pior ano para a renda dos títulos públicos da história econômica recente, as entidades de previdência privada aberta captaram, até dezembro, cerca de R$ 35 bilhões, ou 10% mais do que em igual período do ano passado. O crescimento foi, portanto, inferior ao registrado entre 2011 e 2012 e nos últimos anos, com média de 25% de crescimento ao ano. Mesmo assim, revelou que a previdência continua desfrutando de credibilidade perante o investidor.
Em 2013, os títulos públicos, em especial os de prazo muito longo, com vencimento em 2050, apresentaram um rendimento negativo ou, na melhor das hipóteses, levemente positivo, ao contrário do que havia ocorrido em 2012, quando os juros básicos haviam caído, provocando a valorização dos papéis.
Melhor dizendo, em 2013, muitas carteiras acusaram remuneração negativa não apenas em termos reais (comparadas com a inflação), como até em termos nominais. A carteira padrão denominada IMA-B5 (ou seja, que aplica em títulos públicos com até cinco anos de prazo) rendeu apenas 2,47% nominais ao ano, até 20/12/2013, ou seja, cerca de 3,3 pontos porcentuais abaixo da inflação. A carteira padrão IMA-B5+ (com papéis de prazo superior a 5 anos) teve rendimento negativo neste ano, até a última sexta-feira, de 17,25%.
Ocorre que a maioria das aplicações dos fundos de previdência privada está concentrada nos papéis públicos, considerados sem risco. De fato, o valor das cotas de muitos fundos de previdência mostrou que essa foi uma aplicação de elevado risco, neste ano, só comparável ao risco - neste caso, natural - do mercado acionário, com queda de 16%, até 20/12.
Os fundos de previdência permitem aos participantes deduzir a aplicação no Imposto de Renda até o limite de 12% dos rendimentos brutos. Ocorre que, se as cotas desses fundos se desvalorizarem, o benefício tributário poderá não compensar a renda negativa do fundo.
Há cerca de 13 milhões de brasileiros que aplicam em previdência privada, com o objetivo de complementarem a aposentadoria oficial no futuro. Carreiam, portanto, para bancos e seguradoras capital de longo prazo que pode ser bem investido e contribuir para a taxa de investimento do País. Mas, à vista das oscilações do valor dos títulos públicos, parece prudente discutir melhor as regras de aplicação desses fundos e as políticas de informação adotadas, evitando surpresas.
Fonte: http://www.estadao.com.br