Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 26/08/2011
A moda e o medo da Cloud Computing
Disponibilidade é a moeda da vez. O mercado avança no sentido da chamada cloud computing (computação em nuvem, em tradução livre) e coloca na ponta das listas de prioridades dos executivos a possibilidade de acesso aos dados de seus negócios a qualquer tempo, lugar ou através de dispositivos cada vez mais portáteis e eficientes. Este é o retrato de um mundo onde as informações não estão alocadas em hard disks ou em mídias digitais, mas espalhadas em grandes data centers em todo o mundo. As informações estão nas nuvens.
O Gartner a define como um estilo de computação onde os recursos de TI, com escalabilidade e elasticidade, são fornecidos como serviço para clientes externos usando tecnologias de internet.
O termo computação em nuvem se refere ao fato de os dados não estarem alocados fisicamente num lugar definido, o que dá a ideia de que as informações estejam flutuando e possam ser acessadas de qualquer ponto do globo pela rede. E isso é uma realidade em muitos mercados e tem saltado posições nas listas de prioridades dos maiores CIOs do mundo a uma velocidade impressionante.
Só quem não se impressiona são os grandes fabricantes de tecnologias e infraestrutura. As previsões para o mercado de armazenamento remoto de dados e aplicações fornecidas via web são animadoras. O estudo mais recente da IDC aponta que a receita mundial de servidores para nuvens públicas e privadas deverá somar US$ 9,4 bilhões em 2015. Segundo o estudo, atualmente os gastos com cloud computing representam apenas 2% dos investimentos em TI, em 2015, serão 20%.
Mas a saúde ainda olha de longe para esta oferta e faz uso rudimentar das ferramentas disponíveis, segundo Henrique Sei, diretor de Vendas de Soluções da Dell Brasil. O executivo afirma que o segmento já avançou no sentido do atendimento da demanda do cliente, quando passou a disponibilizar o acesso a resultados de exames e agendamento de consultas online.
Porém, este não é um passo consistente na direção que o conceito de cloud computing propõe, uma vez que o acesso aos dados mantém a relação de “presença”, ou seja, os dados dos pacientes ainda estão armazenados nos servidores das próprias instituições.
“O mercado de saúde ainda tem uma utilização tímida da nuvem”, afirma Sei. “Alguns fatores como segurança, custo-benefício e o próprio conhecimento sobre a tecnologia justificam este posicionamento.”
Segundo o executivo, o uso de armazenamento de dados e utilização de aplicações em bases virtuais é mais comum entre usuários individuais. O mercado corporativo é o principal desafio para as empresas que fornecem este tipo de tecnologia. E a segurança, neste caso, é a principal questão.
A Dell entrou fortemente no mercado de saúde após a aquisição da norte-americana Perot Systems, em 2009. À época, mais de 50% da receita da companhia adquirida era proveniente do segmento de saúde. No Brasil, buscando um espaço maior no segmento a fabricante tem a saúde como um dos principais pilares de atuação, junto com educação.
A maturidade do mercado de TI para atender a demandas dos diversos mercados já é um fato. Grandes bancos ou entidades governamentais ostentam sistemas que são referência neste quesito há vários anos.
“O desenvolvimento deste tipo de tecnologia no segmento de saúde depende de maturidade e desenvolvimento de padrões”, afirma o diretor de Vendas para Educação, Saúde e Governo da Dell Brasil., Ricardo Menezes. “Hoje, o Brasil é um dos países mais avançados do mundo em tecnologia e segurança para o segmento financeiro, por exemplo, e a diferença é a padronização.”
Por outro lado, a questão do custo-benefício está diretamente ligada à demanda por investimentos em sistemas seguros o bastante para armazenar informações críticas, como laudos de pacientes e informações médicas.
Sei afirma que a segurança é um dos principais pontos a serem mitigados antes que o mercado desponte como um grande consumidor destas tecnologias.
“O principal ponto na ampliação do uso da nuvem no mercado de saúde é a segurança”, explica Sei. “Do ponto de vista da infraestrutura, o mercado de TI está extremamente preparado para atender à demanda das instituições de saúde.”
Segundo ele este é um cenário que não foge ao padrão. “Segurança é um problema, mas a adoção de qualquer nova tecnologia gera medo”, completa.
Sei explica que até 2010, cerca de 85% dos principais executivos de TI das empresas (CIOs) se preocupavam principalmente com segurança. Hoje são 55%.
Um estudo recente do Gartner aponta que os CIOs das principais empresas de saúde ouvidas pela entidade ainda recomendam cautela no uso de cloud computing.
Segundo o levantamento, o principal desafio apontado é o gerenciamento de informações protegidas dos pacientes. “As instituições de saúde devem limitar seu envolvimento inicial com cloud computing as iniciativas que não envolvam informações protegidas de pacientes”, conclui o documento do Gartner.
Segundo Sei, há diversos fatores que compõem a discussão do setor de saúde para que adoção destas tecnologias seja uma realidade no país, como a padronização, a legislação e a maturidade do mercado. A questão da padronização segue a antiga discussão a respeito do prontuário eletrônico.
“Outro ponto a ser definido é o tipo de nuvem que seria usada, por exemplo”, afirma Sei. “Os clientes, principalmente os corporativos, tendem a querer os benefícios de custo de uma nuvem pública com a segurança e o controle de uma nuvem privada.”
Demanda
Há uma possibilidade de economia significativa no uso das tecnologias provenientes do modelo. Tanto o armazenamento puro de aplicações na nuvem quanto a utilização de softwares como Serviço (SaaS, na sigla em inglês), é possível perceber na prática o efeito do uso sob demanda e escalável e flexível da cloud computing.
“Em todos os casos, o maior apelo é o custo”, afirma Gustavo Perez, CEO da MTM Tecnologia. “As economias podem ser significativas em alguns cases. Cada perfil de cliente tem que identificar aonde a adoção de nuvem pode ajudar de forma inclusive a começar a se ambientar com a tecnologia.”
Perez exemplifica que, se um grande hospital disponibiliza uma biblioteca digital para seus médicos mantendo-a em seus próprios servidores, o acervo vai onerar o hospital, que terá de investir em infraestrutura, investimentindo em servidores com maior capacidade de armazenamento e links de internet para acesso externo ao conteúdo.
“Já se eles disponibilizam as informações na nuvem, os custos por kilobyte armazenado e trafegado tende a se justificar”, avalia Perez. “Além disso, se o fornecedor é de confiança, há uma transferência de responsabilidades da manutenção da infra do hospital para o provedor dos serviços de nuvem liberando a equipe de TI do hospital para focar nas atividades fim da instituição.”
Eficiência
De qualquer forma, a dinâmica do mercado pede que a tônica das transformações tecnológicas seja a eficiência na utilização dos recursos. Perez aponta que há uma oportunidade particularmente na utilização dos recursos de TI. E, segundo ele, computação em nuvem pode vir a se tornar um grande aliado.
“Há uma possibilidade no futuro de que hospitais, médicos e planos de saúde compartilhem informações baseadas em nuvem para focar mais na prevenção e no auxílio de pacientes crônicos”, afirma Perez. “A formula é complexa e ainda vai levarum tempo para acontecer, mas se vier a acontecer, o primeiro passo será o compartilhamento de informações. E aonde você acha que estarão armazenadas?”
O executivo acredita que as mudanças nas relações entre médicos, hospitais, planos de saúde e fornecedores estejam se tornando mais profundas e a revisão dos investimentos seja uma consequência natural.
A MTM Tecnologia tem mais de 1200 empresas conectadas às suas nuvens via uma solução que permite aos profissionais de saúde acessar informações clínicas de pacientes, de qualquer lugar, a partir de seus dispositivos móveis.
Brasil
Mesmo num cenário onde a preocupação com segurança e o relativo desconhecimento ainda impedem que a computação em nuvem deslanche, a fornecedora de soluções para a área de saúde, JME Informática, vem desbravando este filão. A empresa migrou no ano passado uma de suas soluções on premise (armazenada em servidores do cliente) para a nuvem e viu descortinar um mercado que deve lhe render um crescimento anual de 20% a 30%.
Com a solução oferecida via nuvem, a empresa atende essencialmente a pequenos e médios municípios. E, segundo, Marco Aurélio Guttler, diretor técnico da empresa, os pequenos municípios têm maior necessidade deste tipo de soluça, uma vez que é mais fácil ter uma infraestrutura para acesso à internet que para armazenamento e gerenciamento de TI.
“Os gerentes de TI das prefeituras colocam mais barreiras que a própria gestão”, afirma Guttler. “Mas hoje já existem certificações que garantem mais segurança e ajuda a convencer os profissionais de TI a adotarem a tecnologia.”
Um produto de entrada desta solução, com 5 pontos de acesso simultâneos, sai por R$ 700 mensais.
Fonte: www.saudeweb.com.br | 26.08.11