Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 17/07/2024
A era digital e a saúde: desafios dos serviços de telemedicina no Brasil
Popularizados no período da pandemia, os serviços de telemedicina tornaram-se uma realidade no Brasil, especialmente após a sanção da lei que regulamenta sua prática em 2022. Nesse sentido, hoje, tanto os pacientes quanto os profissionais da saúde estão cada vez mais familiarizados com os atendimentos virtuais. Segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), em 2023 foram realizadas mais de 30 milhões de consultas remotas no país, o que indica um aumento de cerca de 172% em comparação às 11 milhões realizadas de 2020 até o final de 2022.
Os serviços de telemedicina proporcionam uma série de benefícios não apenas em tempos de pandemia ou em surtos de doenças contagiosas, mas também em casos de pacientes com condições crônicas, tendo em vista que as consultas remotas garantem um monitoramento contínuo e intervenções mais rápidas e personalizadas.
Além disso, a telemedicina pode proporcionar maior agilidade em avaliações iniciais, como é o caso de análises de condições atípicas de pele, que podem ser verificadas e documentadas através de fotos.
Outra vantagem que fortalece ainda mais esse tipo de atendimento é a relação com a falta de médicos em algumas regiões do Brasil. Para se ter uma ideia, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), embora haja mais de 575 mil médicos ativos no Brasil, uma média de 2,81 por mil habitantes, a região Norte destaca-se por apresentar a menor proporção de médicos (1,73), sendo abaixo da média nacional. Nesse sentido, os serviços de telemedicina também podem apoiar a ampliação do atendimento em regiões que faltam profissionais de saúde.
Os desafios da telemedicina no Brasil
Apesar do cenário promissor, ainda há preocupações e desafios quanto aos serviços de telemedicina no Brasil. O primeiro ponto é que muitas regiões do Brasil, especialmente áreas rurais e remotas, ainda têm acesso limitado à internet de alta velocidade, o que dificulta a realização de consultas virtuais.
Nesse contexto, um estudo do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), com dados coletados de 2020 a 2022, aponta que 13 milhões de brasileiros não tinham cobertura de internet em regiões rurais, sendo que a conectividade urbana era uma vez e meia mais abrangente.
Outro ponto importante é que os serviços de telemedicina exigem sistemas robustos para assegurar a proteção de dados, a fim de garantir a privacidade e a confidencialidade das informações clínicas, bem como a integração com prontuários eletrônicos e outras ferramentas de gestão de saúde.
Além disso, a crescente demanda por serviços de telemedicina também requer maior enfoque no aprimoramento das experiências dos pacientes. Desta forma, é imprescindível que os profissionais de saúde tenham acesso a recursos baseados em evidências, para terem acesso a informações confiáveis e otimizarem cada vez mais as consultas, oferecendo diagnósticos precisos.
Nesse sentido, as ferramentas de suporte à decisão clínica (SDC) podem apoiar os médicos em suas tomadas de decisões, transmitindo confiabilidade e credibilidade aos pacientes, auxiliando tanto nas consultas presenciais quanto nas realizadas via telemedicina.
*Eduardo De Luca é Gerente de Estratégia de Mercado para América Latina na Wolters Kluwer Health.
Fonte: Saúde Business